domingo, 4 de janeiro de 2015

Sobriedade

......

Sentimento sombrio
é sentir sobriedade,
sem dúvidas, com completa noção
nem sentimos saudade,nem rebeldia da idade,
nem sequer inspiração.

O ritmar das palavras,
passa-nos despercebido,
assumimos e não acreditamos,
naquilo que poderá estar sub-entendido.

Ficamos no plausível,
tão politicamente correcto...
nojento e asqueroso recto...
que num momento aprazível,
me provoca vómitos a céu aberto!

Tenho desprezo pela normalidade,
do ordinário e do regular!
tenho sede de conhecimento,
vendo de que formas diferentes !
a terra pode rodar !

Monocórdicas palavras,
não têm ao céu como chegar,
porque Deus ama mais os loucos,
pela resistência que os escuda,
porque se atrevem a sonhar.

Veem o mundo,
de todas as formas e cores,
umas correctas outras erradas,
sendo tu, um ser com valores
aqui jazes tu de mãos atadas

Pois a tua sobriedade,
cega-te o espelho.
Faz-te ver o mundo sem olhares para ti,
assim,
que nem um engenho perguntas,
se existe segurança aí?

Mas a resposta tarda a chegar,
se calhar nunca chegando a ti,
começas pois a desesperar,
perdendo a lucidez,
sem ar,
num escabroso fim...


domingo, 26 de outubro de 2014

É estranho.



É estranho,
quase como engenho,
vejo-te por vezes nos arcos de fumo
que decoram a minha sala,
como um jogador perco o meu rumo,
atacam-me a ala...

De alguma maneira, e sem muita conversa
passaste os mares da indiferença,
sem caprichos de mente perversa,
carregando o peso de um cliché.
os teus olhos e o mar...
é  incrível a sua parecença.

Mas é em território pantanoso,
não podendo ser meloso,
onde pairas nas minhas preocupações.
talvez sinais de perigo,
ou uma arma que parte corações,
conselhos de amigo!

E sinceramente.
Sinceramente pouco me importa tudo o que dizem,
o que pensam, mesmo que analisem,
nada terão a dizer,
A nuvem paira na minha cabeça...
É isso que está a acontecer...


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ondulação


Procuro a dormência em mim...
É melhor assim,
não sentir nada.
estar no meio do estrada
morrer talvez, e acabar a fachada.

Não somos quem queríamos ser,
nem sequer o que alguém desejaria,
todos querem um rasgo de loucura,
matando a velha monotonia.

Como já disseste,
seria mais fácil apenas não pensar,
mas a vida agarra-te,
como concha que rola na onda do mar,
com mão de quem não vai largar...

Até que um dia é lançada,
sente-se maltratada,
mas há sempre outra onda,
outra cilada.
outro caminho que não sendo o melhor,
até lhe agrada.

E de maneira desgarrada
tem medo de ser feliz.
Mas como medo da felicidade?
Não a persegue, fica parada.
À espera que a velha onda a leve.
E por breves minutos...
se sentir amada...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Romantismo no século XXI

Por razões que desconheço, existem almas que insistam que eu aqui escreva. Mesmo por vezes quando algo está bem. Não é esse o caso, obviamente, e se for não estaremos a falar da minha vida. Não é que seja infeliz, mas completamente insaciável, quase como poço sem fundo que devora toda a material e imaterialidade. Não temo, já que supostamente toda a humanidade assim o é. Mas não me posso congratular com a máxima '' se não consegues vencê-los, junta-te a eles ''. Juntar-me a quem? A mentes vazias controladas pelo conceptualismo de todo o sistema? Num consumismo cego de bens e uma constante necessidade de atenção? Quase como se de bebés que finalmente largaram o bacio se tratássem.
Depois vem a boca do romântico incurável e da total e completa ingenuidade, e eu rio-me... Respondendo que por mim até seria mais ingénuo, ou mesmo ignorante já que nestas palavras parecerem assentar as qualidades essenciais da felicidade.
Dizem-me para ser mais racional, para não me deixar manipular. Para manipular quem me manipula, inverter o jogo! Ah, aí sim serei feliz, com esquemas e trocas e baldrocas, camuflagens, meias-verdades e mentiras. Não! Desculpem -me todos, ou não, mas eu não serei assim. Não engulo o meu orgulho, por umas horas bem passadas, nem me escondo para poder viver. Vivo e respiro aquilo que sou.
Por estas razões, sou levado a momentos de abandonamento intelectual, e não é a questão de pensar com os genitais, mas sim com aquilo que me dá tanto quanto me tira, ou por outras palavras o coração.
Fantasmas, de diferentes tempos, vão e ficam assombrando-me quando menos espero. Basta um cheiro, uma cor, um sabor e lá estou eu. Fico perplexo, como de repente tudo se desenrola na minha cabeça como um filme, por norma a preto e branco, não estivéssemos nós a falar de fantasmas. E mais uma vez lá estou eu perdido na minha cabeça, perdido noutro espaço cronológico, noutro momento e as emoções que apenas existiram no passado, misturam-se com o fumo que jaz na minha sala e com as insónias que não tendo a certeza que vêm, já se encontram escondidas por trás do sofá.
Meu Deus! Que flor de estufa, pensava ser um homem, e um homem não teme estas coisas, apenas as empurra para debaixo do tapete, desenrolando-se este muitas vezes numa crise de meia idade. Mas enfim, infelizmente na minha cabana cognitiva não existem tapetes, o chão é de madeira e qualquer lixo que haja deve ser limpo prontamente, para que o trânsito seja mais fácil. Mas os fantasmas, esses não conseguem ser limpos pela vassoura. Nem pelo aspirador, de cor esmalte, proveniente de uma qualquer destilaria na Escócia Oriental . Não, esses subsistem mesmo quando fecho a cabana às chaves por umas horas de merecido descanso. Aparecem sem ser convidados, deixando um trabalho herculiano ao segurança inexistente, abrem gavetas, partem cadeiras, espalham tudo no chão e desaparecem até quando lhes aprouver...
De todo o modo vou vivendo, aprendendo a lidar com eles, arrumando tudo de volta nas gavetas, varrendo o chão e fingindo que ninguém conseguiu entrar. Pois no final de contas, é melhor ter a cabana arrumada e um sorriso falso esboçado no rosto, do que sucumbir aos monstros que vão entrando e saíndo. Ou não é isto o romantismo do século XXI?

domingo, 1 de junho de 2014

Atmosphere/ Labirinto

Walk in silence,
Don't walk away, in silence.
See the danger,
Always danger,

Endless talking,
Life rebuilding,
Don't walk away.

Walk in silence,
Don't turn away, in silence.
Your confusion,
My illusion,

Worn like a mask of self-hate,
Confronts and then dies.
Don't walk away.

People like you find it easy,
Naked to see,
Walking on air.
Hunting by the rivers,

Through the streets,
Every corner abandoned too soon,
Set down with due care.
Don't walk away in silence,
Don't walk away.

 E enquanto eu ouço estas palavras proferidas por um dos meus personal favorites of all times, penso se vale a pena. Se vale a pena, largar tudo e desacorrentar a máquina bombeadora de sangue que me teima em controlar. Será que é suposto ser tão difícil? Será que criei uma imagem a qual não há correspondência?
 E depois perco-me nos teus olhos... De um castanho que me lembra as doce e douradas folhas de outono.
 Aí acalmo-me, e sinto-me bem, quase como se de inspiração me servissem. Pasmo-me com a tua capacidade intelectual, fascinando-me a maneira como pensas. De todo não vulgar...
 E na verdade toda tu assim o serás. E eu desoriento-me nos teus jeitos e curvas, expressões e maneirismos como  se de um labirinto se tratásse. Vou marcando o caminho com beatas, na esperança de as encontrar no regresso, assobiando e espreitando em todas as curvas. Pois não é a primeira vez que eu entro aqui, mas esta poderá ser a última.

 E quanto à questão se valerá a pena? Provavelmente sim, respondo eu, envergonhando deuses e senhores. Pois a alma não sendo pequena, muito menos são os amores...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Poeira

Vivi demasiado tempo agarrado a ti,
tu eras sol, todas as constelações, o universo
Os meus pensamentos nadavam em tua roda
Tudo estava completamente submerso

Será que nada passou de uma ilusão?
Vivi entregado à fantasia,
a loucura percorria-me noite e dia

Infindáveis dias e momentos,
passados à frente de um ecrã,
procurando ouvir-te,
sentir-te, para parecer por instantes
uma pessoa sã…

Noites frias e escuras, iluminadas
pela ponta de um cigarro,
quantos maços tiveram o teu nome escrito?
quantos pensamentos gerados pelo andamento de um carro?
E…,
fazendo as contas por instinto.
Como eu gostava de me perder nesse teu labirinto…

Não sei como, aprendi a amar-te,
mesmo sem nunca ser totalmente correspondido,
Sábios ficam confusos com a parvoíce,
e ingenuidade de todo o sucedido

E quando tudo fluía sentia-me bem,
queria visitar-te, ir além.
Mas o pó, rapidamente se voltava a instalar,
envolvendo tudo em mistério e confusão.
E dissipava-se acabando por se assentar
E o ciclo continuaria, assim como a tua adoração.
Vivi demasiado tempo agarrado a ti,
Só que ainda vivo, e penso que uma parte de mim
sempre viverá assim.

É confortável de certo modo,
esta minha ilusão,
Mas se amo alguém, és tu.
E digo-o, como tem de ser feito.
Agora sim, finalmente,
descontracção…


terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Estendidos os pedaços

Em frente!
Avança!
Se de facto assim o queres,
muda a mudança
e vê as mulheres.

Estendidos os pedaços
daquilo que resta de ti,
uma voz ecoa,
não sei se me quero assim...

Com vontade,
sentes-te pequeno,
enquanto embevecido
num sentimento terreno,
sentas-te num banco de jardim.
Sim! Sim!
Olhem para mim!
Afinal sou especial
não é assim?

Questões...
com vozes agudas,
soam nos ouvidos.
Olhas para ti próprio, mas a tal consciência
já perdeu os sentidos

Passando pelos gemidos...
Baba, ranho
em ambientes sofridos.
Enfim,
nada mais que latidos.

Mexe-te!
Ondula como uma ceara.
Talvez de trigo?
E enquanto onomatopeias
tira a cabeça do umbigo...